O meu primeiro emprego foi aos 16 anos. Eu estava no ensino médio e comecei a procurar oportunidades na minha cidade (Ribeirão Pires), até para conciliar com os meus estudos (estava no ensino médio).
Lembro de imprimir o meu currículo, sem nenhuma experiência, mas com alguns cursos livres que encontrei pela internet (obrigada, Fundação Bradesco e outras instituições que disponibilizam uma série de treinamentos gratuitos).
Eu não tinha um objetivo muito específico, mas um desejo pessoal: trabalhar com pessoas. Foi quando comecei a passar em algumas lojas para deixar o meu CV. Alguns locais foram acolhedores, outros nem tanto.
Até que, por coisas da vida, entrei em uma loja e estava uma amiga por lá (ela trabalhava nesta loja). No mesmo dia, uma profissional havia dito que sairia do local para uma nova oportunidade – corta para eu chegando lá alguns minutos depois. Fiz a minha entrevista e basicamente “fui contratada”.
Comecei a trabalhar na semana seguinte e fiquei por lá por 02 anos. Eu não estava preparada para o primeiro emprego, acredito que quase nenhuma pessoa está, eu errei bastante, me confundi diversas vezes, mas pude aprender muitas coisas.
O mais importante foi compreender que, cada pessoa que entrava na loja, tinha uma história – e mais do que vender (eu nem era tão boa nisso haha), eu gostava de conversar e construir laços com quem me permitia fazer isso.
Hoje, ao olhar para essa época, também penso bastante no meu medo de dizer “não”, das vezes que deixei de me posicionar ou compartilhar qual seria a minha vontade verdadeira. O medo de perder o emprego sempre me fez concordar com quase tudo.
Em 2015, ingressei na faculdade por meio de uma bolsa integral. Fui estudar Relações Públicas e foi uma das melhores experiências da minha vida. Uma época que eu sinto saudades, inclusive.
Ao longo dos quatro anos da graduação, eu passei por alguns estágios. A minha rotina era basicamente acordar cedo, ir para o estágio, ir para faculdade e chegar em casa lá à meia-noite.
Hoje, aos 27 anos, observo o quanto de energia foi demandada durante esse período e das inúmeras vezes que eu fiz questão de trabalhar até tarde para “mostrar” o quanto eu era determinada.
A verdade é que eu não aprendi a construir limites e tampouco entendia sobre prioridades. Em alguns lugares, graças às gestoras que eu pude ter, o acolhimento foi essencial para aprender os melhores caminhos. Ainda assim, apesar de toda boa vontade, existia um impeditivo: a cultura organizacional.
A cultura diz muito sobre o local em que você trabalha. Ela pode ser a mola propulsora para você desempenhar um bom trabalho ou o principal motivo do seu adoecimento.
Trabalhar na área de Comunicação Corporativa e participar de projetos para disseminação cultural, me ensinou muitas coisas. Uma delas é que tem gente que não tem fit cultural, mas entrega bons resultados – ou seja, a pessoa permanece no local e muitas vezes em uma posição de liderança.
A outra lição é que as pessoas muitas vezes são colocadas no centro. São as pessoas que fazem a cultura acontecer. Ainda assim, as decisões nem sempre são pensadas para o bem-estar dessas mesmas pessoas.
O assédio, a sobrecarga de trabalho, as cobranças excessivas, o “é tudo para ontem” e o escopo de trabalho que seria possível dividir em três pessoas nos levam a uma jornada em busca do adoecimento.
É por isso que, hoje, no dia do trabalhador, eu gostaria de lembrar que:
- Não é pedir demais por um ambiente de trabalho saudável e seguro.
- Não é pedir demais por um trabalho em que o respeito esteja presente diariamente.
- Não é pedir demais por um trabalho justo e um salário digno.
- Não é pedir demais por um trabalho sem julgamentos.
- Não é pedir demais por uma carga horária justa no trabalho.
- Não é pedir demais por um ambiente de trabalho livre de assédios. (não deveríamos nem pedir)
- Não é pedir demais por um trabalho que seja uma parte da nossa vida, não tudo.
Essa é uma reflexão que eu venho compartilhando nos últimos anos. Eu espero que faça sentido para você também e, dentro das suas possibilidades, você consiga se colocar em primeiro lugar e zelar pela sua saúde, o seu bem mais valioso.
Cuide-se.
Dia do trabalhador: conteúdos para você conferir
- Saíram os resultados sobre as 20 empresas brasileiras que participaram do estudo sobre a semana de 4 dias de trabalho. Confira alguns dados:
- 61,5% das companhias notaram avanço na execução de projetos
- 58,5%, se obteve mais criatividade na realização das atividades
- 58% dos funcionários beneficiados afirmam que passaram a conciliar melhor a vida pessoal e a profissional
- Lei cria certificação para empresa que promove saúde mental: trata-se de uma honraria a ser dada pelo governo federal a empresas que adotem critérios de promoção da saúde mental e do bem-estar de seus colaboradores. Saiba mais aqui! Fonte: Agência Senado
- Tem um evento gratuito chegando! O evento anual do Sesi Conecta Saúde de 2024 já tem data marcada. O encontro será realizado nos dias 19 e 20 de junho e você pode participar de forma online ou presencial. Confira os detalhes e a programação clicando aqui!
- Está chegando o 14º Fórum Nacional Oncoguia. O evento, realizado anualmente, reúne os principais stakeholders relacionados ao câncer para discussões qualificadas sobre o cuidado oncológico no Brasil e no Mundo. Em 2024, as barreiras de acesso ao tratamento adequado serão o tema central do encontro. Inscreva-se aqui.
- Movimento VAT – Vida além do Trabalho, idealizado por Ricardo Azevedo, atinge 800 mil assinaturas. Se você ainda não sabe o que é o movimento, recomendo que leia a descrição da petição pública. Você pode fazer isso clicando aqui.
E tem mais: o movimento conta também com o apoio da Deputada Federal Erika Hilton, que está apresentando uma PEC pelo fim da escala de trabalho 6×1. - Um reels incrível da Carol Milters sobre o Dia do Trabalhador para nós – pessoas trabalhadoras.
- Uma matéria da Dra. Luciana Baruki para Veja Saúde, em que ela aborda um problema de enorme relevância dentro da saúde pública: as doenças e acidentes relacionados ao trabalho.
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